autor: Romério Rômulo

Romério Rômulo
Romério Rômulo por ele mesmo Poeta e homem comum são faces de um mesmo homem. Transitam e transitaram pelos mesmos caminhos. As diferenças só acontecem na externalização dos assuntos. Eu me reconheci poeta aos 16 anos, embora tenha escrito o primeiro poema aos 9. Então, comecei a produzir em grande quantidade. Ficava a pergunta: “tem valor?”. Aí dependemos do outro, dos outros, que vão contribuir nesta montagem de opinião. Várias rupturas ajudaram no descobrimento. De início, me sentia um poeta maldito, um Baudelaire, algo assim. Caminhei impregnado também pelo Augusto dos Anjos, que sempre esteve na contra-mão da vida e da linguagem. O primeiro livro, “pedras no caminho”, 1979, tem essas marcas. A Laís Corrêa de Araújo e o Affonso Ávila, a quem conheci em 1982, se interessaram por mim. Ela, com uma coluna semanal no “Estado de Minas”, comentou da força do trabalho. Pra mim, um reconhecimento. O Drummond, o Armindo Trevisan e outros também já tinham se manifestado e reforçavam as minhas energias. Morei no Rio de Janeiro, de 1980 à parte de 1982, e o trabalho deu uma guinada. A cidade grande influenciou claramente. Saiu um livro, “anjo tardio”, publicado em 1983, com outra embocadura. Elegíaco, nerudiano. Mulher, tempo, poeta e poesia como preocupações centrais. Mas algo da terra, do sertão de origem, já se mostrou ali. Sou encantado com os meus amigos e escrevo sempre sobre e para eles. Perguntado da utilidade da poesia, já respondi: “serve para falar sobre os amigos”. Reuni um grupo de poemas sobre amigos, conhecidos ou não, que eles não se encontram obrigatoriamente no nosso cotidiano, ou nós os descobrimos amigos depois que morreram. Em 1986, saiu o “amigos & amigos”. Pela ocasião, conheci o Tião Nunes e começamos a trabalhar algumas coisas juntos. Editamos “o elixir do pajé” do Bernardo Guimarães, edição que teve impacto, na medida em que poesia causa impacto. Esta edição, com prefácio meu, continua a ser comentada por aí. Agucei a embocadura, como deve ser, e saltei à terra. “Bené para flauta e Murilo”, 1990, e a caixa com 4 livros em 2 volumes, “tempo quando”, 1996, mostram isso. Na segunda metade dos anos 80 me tornei grande amigo do manuelzão, o que reforçou a postura da terra. A amizade com o Carlos Scliar também teve um peso definitivo: o homem político pisou mais no meu trabalho, dos anos 80 em diante. Fiquei 10 anos sem publicar um livro, mas escrevendo muito. Em 2006 saiu um dos resultados disso, o “matéria bruta”, pela editora Altana / SP. Daí vem ainda a maior parte do “per augusto & machina”, já em processo de planificação visual para publicação.

Postagens de Romério Rômulo

  • Poemas de Romério Rômulo

    Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar – Rio de Janeiro RJ.