Crônicas

Madrugadinha, lendo Lua do dia do Ricardo Fernandes, um piado incessante começou do lado de fora.
Penso, frente ao tédio dos dias. E se eu fosse para um hotel e me hospedasse para passar o final de semana. O Fernando deixaria de ser Fernando por dois dias.
Em “Ter ou não ter”, Luís Fernando Verissimo transforma o tempo em ironia: a vida é a travessia entre ainda não ter idade e não ter mais idade.
As fortes ondas que caracterizam a maré polissêmica das palavras no rio tantas vezes intrafegável dos sentidos. É necessário mergulhar!
Carregaram o caixão como quem carrega um dicionário de palavras extintas — só que o caixão era o próprio livro, grosso, pesado, cheirando a mofo e choro de tinta.
Queria ter mais forças, aquela de menino, para enfrentar as adversidades da vida. Quando jovens, não havia o que nos amedrontasse.
Era uma manhã fresca e transparente de primavera. Parei o carro na luz vermelha do semáforo. Olhei para o lado – e lá estava ela, menina, dez anos, não mais.