Ver-O-Poema

Rastilho que não se apaga, corre aceso pelo interior silencioso da fala, um murmúrio em busca de sentido pelo vasto e pobre vocabulário humano.
É triste a flor que desabrocha sem carinho E sem carícia do sereno da manhã… Assim nasceu, lá no sertão, minha Nanã,
Queria ter mais forças, aquela de menino, para enfrentar as adversidades da vida. Quando jovens, não havia o que nos amedrontasse.
Que barulho faz a dor? O de fechar de portas? O de abrir do ventre? O de rasgar de envelope? O de selar de cimento?
Era uma manhã fresca e transparente de primavera. Parei o carro na luz vermelha do semáforo. Olhei para o lado – e lá estava ela, menina, dez anos, não mais.