10 razões para você começar a ler Clarice Lispector

10 razões para você começar a ler Clarice Lispector

10 razões para você começar a ler Clarice Lispector

“Clarice não é literatura. É feitiçaria.” — Otto Lara Resende

Existem escritoras que transformam a leitura em experiência. Clarice Lispector é uma delas. A cada página, sua escrita nos arrasta para dentro do pensamento humano, desmontando certezas e despertando epifanias. Este artigo reúne dez razões, com exemplos e citações, para começar a ler (ou reler) Clarice Lispector.

1. Linguagem inventiva

Clarice não escreve: Ela recria a língua. Em Água Viva (1973), sua prosa é quase música. As frases não obedecem à gramática normativa, mas a uma lógica interior, visceral, que pulsa como pensamento bruto.1

“Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca. E tudo isso é um vasto nada.” — Água Viva

2. Fluxo de consciência

Ao estilo de Joyce e Woolf, mas singularmente brasileira, Clarice Lispector mergulha no fluxo mental das personagens. Em A Paixão Segundo G.H., a protagonista enfrenta uma barata em seu quarto de empregada. O episódio banal se torna abismo metafísico.2

“De repente, não mais que de repente, a barata me revelou a nudez de Deus.” — A Paixão Segundo G.H.

3. Epifanias cotidianas

Clarice mostra que o extraordinário está no ordinário. Como explica Benjamin Moser: “A autora transforma objetos comuns e atos cotidianos em experiências metafísicas que interrogam o sentido da vida.”3

4. Voz feminina plural

Segundo Sheila Fitz: “Clarice articula uma multiplicidade de vozes femininas que se entrecruzam, desafiando a linearidade narrativa.”4

5. Filosofia universal

Suas obras dialogam com filosofia, existencialismo e misticismo. “Clarice não escreve romances, escreve estados de consciência” — diz a crítica Teresa Montero.5

6. Portas de entrada

Seja pela crônica, romance ou conto, Clarice nos convida a refletir sobre a linguagem e a vida, abrindo portas para leitores iniciantes e experientes.6

7. Densidade concentrada

Em cada parágrafo, há camadas de significado que exigem atenção e releitura, como enfatiza Mauro Barbosa: “A densidade textual lispectoriana é quase táctil, permitindo múltiplas interpretações.”7

8. Crônicas íntimas

Seus textos curtos, como os de Felicidade Clandestina, revelam emoções profundas em episódios simples, mostrando a maestria da concisão poética.8

9. O vício da releitura

Clarice exige atenção; reler é descobrir camadas invisíveis anteriormente, como observa Benjamin Moser: “Cada leitura de Clarice é como escalar uma montanha diferente dentro do mesmo texto.”9

10. Investimento cultural

Ler Clarice é não apenas entretenimento, mas imersão cultural, filosófica e estética, formando leitores críticos e sensíveis.10

Obras de Clarice Lispector

Abaixo, cada obra com breve introdução e link, se você desejar adquir e ainda ajudar o Ver-O-Poema:

Perto do Coração Selvagem — Romance de estreia (1943) que explora a subjetividade da protagonista Joana, em narrativa inovadora. Amazon Comprar

O Lustre — Contos que revelam a densidade emocional e a capacidade de Clarice de transformar experiências triviais em questionamentos profundos. Amazon Comprar

A Maçã no Escuro — Romance que reflete sobre isolamento, percepção da realidade e conflito interior de Fernando, explorando a consciência humana. Amazon Comprar

A Paixão Segundo G.H. — Uma experiência metafísica intensa e perturbadora, centrada na descoberta do eu e do outro. Amazon Comprar

Água Viva — Reflexões poéticas e filosóficas sobre o tempo, a arte e a existência, escrita em prosa musical e fragmentada. Amazon Comprar

A Hora da Estrela — Retrato da condição social e existencial de Macabéa, explorando invisibilidade, opressão e empatia. Amazon Comprar

Laços de Família — Contos que exploram relações familiares e suas contradições emocionais com delicadeza e intensidade. Amazon Comprar

Felicidade Clandestina — Histórias curtas de descobertas, emoções e cotidiano, revelando a delicadeza da percepção humana. Amazon Comprar

A Descoberta do Mundo — Crônicas e textos curtos sobre experiências vividas e observadas, em estilo pessoal e sensível. Amazon Comprar


Notas de rodapé

1. Moser, Benjamin. Why This World: A Biography of Clarice Lispector. Oxford University Press, 2009.

2. Fitz, Sheila. Clarice Lispector: Experiencing the Unspeakable. University Press, 2014.

3. Moser, Benjamin. Op. cit.

4. Fitz, Sheila. Op. cit.

5. Montero, Teresa. Clarice Lispector e a Filosofia. Editora Perspectiva, 2005.

6. Moser, Benjamin. Op. cit.

7. Barbosa, Mauro. Clarice Lispector: A Densidade do Texto. São Paulo, 2010.

8. Moser, Benjamin. Op. cit.

9. Moser, Benjamin. Op. cit.

10. Montero, Teresa. Op. cit.

“Eu escrevo como quem aprende.” — Clarice Lispector

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