Paixão pela leitura!

A SEGUNDA VINDA – poema de William Butler Yeats

William Butler Yeats (1865-1939) foi um dos mais importantes poetas e dramaturgos irlandeses, além de místico e cofundador do Abbey Theatre. Participou ativamente do Renascimento Literário Irlandês.

Sua poesia inicial era marcada por um estilo romântico e fantasioso, refletido em obras como The Celtic Twilight (1893). No entanto, por volta dos 40 anos, influenciado pelo modernismo e pelo nacionalismo irlandês, seu estilo evoluiu para algo mais austero e moderno.

Yeats também teve uma carreira política, sendo eleito senador na Irlanda. Em 1923, foi agraciado com o Nobel de Literatura por sua poesia inspirada, que refletia o espírito da nação irlandesa.

A tradução do poema de Yeats que trazemos é de Dirceu Villa, nosso professor do Laboratório de Poemas e do grupo permanente de tradução de poesia Achado na Tradução, um espaço combinado de aulas expositivas sobre tradução poética, prática oficinal, partilha de processos e leitura conjunta. Dirceu Villa é tradutor de Ezra Pound, Ovídio, H. P. Lovecraft, Jean Cocteau, Hilda Doolittle, Joseph Conrad, Emmy Hennings, Lorenzo de Medici, Paul Verlaine, Horácio, Mairéad Byrne, Edoardo Sanguineti e muitos outros e outras.

*Para conhecer mais detalhes sobre o Achado na Tradução, acesse: www.acapivaracultural.org.br/achadotraducao

A SEGUNDA VINDA

Girando e girando em voltas sem freio,

O falcão já não ouve o falcoeiro;

Tudo se parte; o centro perde o prumo;

Mera anarquia à solta pelo mundo,

Solta, a maré de sangue, e onde for

A cerimônia da inocência afoga-se;

Falta aos bons toda a convicção, e os maus

Se fartam de ardorosa intensidade.

Sim, uma revelação se prepara;

Sim, a Segunda Vinda se prepara.

A Segunda Vinda! Nem bem o digo

E a vasta imagem do Spiritus Mundi

Turva-me a vista: onde em areias no deserto

A forma de leão com cabeça de homem,

O olhar vazio e duro como o sol,

Move as coxas lentas, e ali deslizam

Sombras de aves em fúria no deserto.

Recai a escuridão; e então eu sei

Que vinte séculos de sono pétreo

Se infectam ninando de pesadelo,

E que rude fera, com a hora em ronda,

Rasteja até Belém para nascer?

The Second Coming

Turning and turning in the widening gyre

The falcon cannot hear the falconer;

Things fall apart; the centre cannot hold;

Mere anarchy is loosed upon the world,

The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere

The ceremony of innocence is drowned;

The best lack all conviction, while the worst

Are full of passionate intensity.

Surely some revelation is at hand;

Surely the Second Coming is at hand.

The Second Coming! Hardly are those words out

When a vast image out of Spiritus Mundi

Troubles my sight: somewhere in sands of the desert

A shape with lion body and the head of a man,

A gaze blank and pitiless as the sun,

Is moving its slow thighs, while all about it

Reel shadows of the indignant desert birds.

The darkness drops again; but now I know

That twenty centuries of stony sleep

Were vexed to nightmare by a rocking cradle,

And what rough beast, its hour come round at last,

Slouches towards Bethlehem to be born?

Dirceu Villa é poeta, tradutor e ensaísta, autor de 6 livros publicados de poesia, com doutorado em Literaturas de Língua Inglesa pela USP e pós-doutorado em Literatura Brasileira, também pela USP. Colaborou com periódicos estrangeiros e escreveu apresentações para obras de diversos autores contemporâneos. Foi convidado para o PoesieFestival de Berlim em 2012 e em 2015 foi escolhido para residência literária em Norwich e Londres, promovida pelo British Council, a FLIP e o Writers’ Centre Norwich. Sua poesia já foi traduzida para o espanhol, o inglês, o francês, o italiano e o alemão, publicada em antologias e revistas especializadas. Há sete anos é professor da Oficina de Tradução Poética da Casa Guilherme de Almeida (Centro de Estudos de Tradução Literária), e professor do Laboratório de Poemas há três anos n’ A Capivara.

Autor

  • Escreve poemas, contos, crônicas. Publicou os livros "Dizerodito - poemas", "Breves cartas de amor", "O que faço com esses versos de amor?", "Eu tenho um segredo para as suas lágrimas - Poesia infantil para adultos lerem", "O Caderno de Benjamim" Nascido na Cidade de Monte Alegre - Pará, mora na capital Belém.

Compartilhe nas redes sociais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Também podes Ler

”Para que acalme os peixes no aquário” – A poesia de Elke Lubitz

Descrevi o silêncio que guardei nos teus olhos Pupilas de seda revirando a lua…

“Boca de Cena” poemas do belo livro de Alfredo Rossetti

Meu pai sentenciou num dia de riso De largueza cínica que sou do contra: (vide todos estes versos) Tomo banho em águas de rios repassadas. Nas tardes sento em nuvens por aí,

Escuta o meu coração…

Escuta o meu coração. Não essa víscera que pulsa …