Paixão pela leitura!

A poesia de Gabriela Sobral

CORTINA

Os historiadores não saem na linha de pagamento
Precisa-se de arqueólogos
Função: esqueletar a besta
Ela é grande e sorri
Taxionomia: de bem
Os cadernos passam rápidos sobre ela
destroem sua materialidade
a carbonizam
O objetivo?
fumaça
Somos testemunhas de seus restos
eles falarão sobre nós
E a vida continua.  * * * 

BICHO

Projeto de bicho
dizem: bicho do mato
porém, simpático
digo: bicho de lama
porém, afeita a banhos
As pedras não arranham
bicho de ferro
caia à vontade
porque: formada de dobradiças
lado e de lado
a volta é o próximo avanço
Que o tempo passe
porque: passarei dona dos lares
manipulável e reagente
O peito, ainda que orfandade,
virou mãe. 

Autor

  • Gabriela Sobral é escritora de infância, após muitos anos de pausa, foi revisitando esta fase que voltou a escrever. Formou-se em jornalismo em Brasília, onde morou por sete anos e despertada pelo trânsito transpôs isso em linguagem. Expandindo-se, concluiu o mestrado em Preservação do Patrimônio Cultural pela Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Imergiu na literatura com a mediação do projeto Leia Mulheres na cidade de Belém e o projeto “Imaginárias - Um encontro entre narrativas imagéticas e literárias – com referência no trabalho de escritoras”, na Ilha do Marajó, contemplado pelo Prêmio de Experimentação, Pesquisa e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará. Atualmente, divide-se entre o trabalho com patrimônio cultural e a poesia. Em 2017, publicou o livro de poemas "Caranguejo", pela Editora Patuá.

Compartilhe nas redes sociais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Também podes Ler

”Para que acalme os peixes no aquário” – A poesia de Elke Lubitz

Descrevi o silêncio que guardei nos teus olhos Pupilas de seda revirando a lua…

“Boca de Cena” poemas do belo livro de Alfredo Rossetti

Meu pai sentenciou num dia de riso De largueza cínica que sou do contra: (vide todos estes versos) Tomo banho em águas de rios repassadas. Nas tardes sento em nuvens por aí,

Escuta o meu coração…

Escuta o meu coração. Não essa víscera que pulsa …