“Vasos ficam lindos se ornados com flores” – A poesia paraense de Ana Meireles

TARDE CHUVOSA 

Naquela tarde chuvosa 
As árvores balançavam 
Sensualizadas ao vento. 

Seguiam seus movimentos 
– Na pluviosa paisagem
De cenários encharcados

[Carros e pessoas trafegavam] 

Sonoros ruídos despertavam
– Olhares de interrogação…
Trovões, os céus desabarão ?

Sobre aplainadas calçadas 
Espalharão: frutos, folhagens
As lindas mangueiras frondosas. 

Que presenteiam transeuntes
Que passam desprevenidos
Sem adivinhar das oferendas…

Doçuras celestiais precipitando  
— Saboroso fibroso manjar —
Mangas em Belém-do-Pará. 

AMORRECER

Não sei se ainda sou
Ou se na dúvida ainda quero  ser.

O tempo passou e meu corpo invernou
Minha pele seca é uma renda fina, delicada…

A lembrar retalhos que não mais cerzirei
As costuras foram tantas, se multiplicaram

E delongadas se tornaram as horas que não sinto
Enfronhada nas ideias vazantes dos pensamentos. 

Bebo as gotas de um viver amorrecido desejando que venha

Outros e novos sorrisos para a mim nutrir as cavernas da face. 

Autor

  • Ana Meireles

    Ana Meireles, Psicóloga, Poeta e Compositora. Servidora Pública do Estado. Com participações em diversas Antologias e publicação dos seguintes livros : Escritos ao Vento; EntreVersos; Tempo Meu; Uni-versos Meus; Semblante de Nós; Vasos ficam lindos se ornados com flores; No fosso da garganta (gênero poesia); Atravessamentos (gênero crônica); Clarissa; Corujinha (Literatura Infantil).

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Rita Meireles

Você tem uma sensibilidade ímpar. Cada palavra, cada verso surge com a alma.
Lindamente poetisa.

Rose Rosário

É poesia na veia!
Poesianamente!
Sentir visceral!

Eu amo!

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