É triste a flor que desabrocha sem carinho… – do poeta Patativa do Assaré

É triste a flor que desabrocha sem carinho... - do poeta Patativa do Assaré
NANÃ

É triste a flor que desabrocha sem carinho
E sem carícia do sereno da manhã…
Assim nasceu, lá no sertão, minha Nanã,
Sem uma luz que iluminasse o seu caminho.
.
Com o pobre pai a morar num tosco ninho,
A desventura foi a sua negra irmã,
Enquanto a sorte protegia a cortesã,
A desdita lhe dava um pão magro e mesquinho.
.
Depois veio a seca cruel e assoladora,
Contra aquela linda florzinha encantadora
E a coitada morreu, mirrada pela fome.
.
Hoje, um poeta chora triste esta saudade
E as aves cantam a chamar na solidão:
Nanã! Nanã! Nanã! seu doce e belo nome.

§§

CIÚME

Tal qual a ave noturna quando agoura
Que até faz a criança apavorar,
O ciúme lhe fez não me entregar
O soneto que eu fiz à professora.
.
É bem livre e liberta a nossa loura
Como o pássaro que voa pelo ar,
Para a mesma prender e dominar
Tua força não é superiora.
.
Ciumento, egoísta, tenha calma
E não queira perder a sua alma,
É preciso saber que existe Deus.
.
Se, com manhas, trapaças ou enredos,
Eu não quero saber dos teus segredos,
Não procure também saber dos meus.

§§

INGRATIDÃO

Amai-vos uns aos outros, Ele dizia
Quando a santa doutrina apresentava
E aquela multidão que o escutava
Indiferente a voz do Mestre ouvia.
.
Além e mais além Ele seguia
E os exemplos de amor a todos dava,
Porém a humanidade sempre escrava
Do orgulho, da inveja e da anarquia.
.
Morreu Jesus no topo do calvário,
Com o fim de remir o mundo vário
Foi seu sangue inocente derramado,
.
Mas, o mundo cruel e enfurecido
Em sequestros e bombas envolvido
Continua na lama do pecado.

***

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