A Literatura na Formação do Cidadão: Uma Janela para o Mundo e para Si Mesmo

Em tempos de algoritmos que moldam preferências e vidas aceleradas por cliques, falar sobre literatura pode parecer, à primeira vista, um convite ao passado. No entanto, ler — e, sobretudo ler literatura — é um das ações mais revolucionárias e necessárias da contemporaneidade. A literatura não apenas enriquece o vocabulário ou melhora a escrita: eEla forma e transforma o cidadão.

A literatura é uma linguagem da experiência humana. Ao folhear um romance, uma crônica, um conto ou um poema, o leitor adentra mundos que não são seus, vive dores e alegrias de personagens, enfrenta dilemas éticos e se depara com perspectivas diferentes da sua. Esse exercício de empatia, silencioso e profundo, é talvez um dos maiores instrumentos de humanização que temos. Ao compreender o outro — mesmo que fictício — ampliamos a nossa compreensão do mundo real.

Além disso, a leitura ajuda a desenvolver o pensamento crítico. Cidadãos que leem aprendem a interpretar, a desconfiar de respostas prontas, a questionar discursos e se posicionar diante das mais diversas realidades instauradas. A literatura não entrega verdades absolutas: Ela problematiza. Um cidadão crítico é um agente mais consciente na sociedade, mais atento às sutilezas do poder, da justiça e das desigualdades.

Na escola, o contato com a literatura deve ir além da decodificação de palavras. É necessário que o aluno encontre, nos livros, reflexos de sua própria existência e também janelas para outros tempos, culturas e identidades. Ler Graciliano Ramos é compreender o sertão, mas também refletir sobre o autoritarismo e a miséria humana. Ler Conceição Evaristo é tocar o racismo estrutural, a ancestralidade e a força das vozes silenciadas.

Literatura é memória coletiva. Preserva histórias, modos de falar, culturas em risco. Ao valorizar autores locais e nacionais, a leitura literária fortalece a identidade cultural e a soberania do pensamento. Um país que lê mais, pensa mais por si mesmo, fortalece sua identidade.

Investir na formação leitora é apostar na cidadania plena. É garantir que jovens e adultos tenham acesso a narrativas que os desafiem, os emocionem e os façam crescer. Leitura não é luxo; é direito. Literatura não é adorno; é instrumento de transformação. Como disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano, “muita gente pequena, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, pode mudar o mundo”. Ler é uma dessas pequenas grandes coisas que mudam tudo.

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