Ferreira Gullar e a poesia brasileira
A obra de Ferreira Gullar (1930–2016) atravessa gerações. Seus versos são universais, passando pelo íntimo, pelo social e pelo político. Nesta seleção, reunimos 30 versos impactantes, com trechos, explicações e destaque para sua força poética.
Sumário
- Poema Sujo (1975)
- Traduzir-se
- Não Há Vagas
- Pátria Minha
- A Luta Corporal (1954)
- Recomeçar
- Lixo
- Na Vertigem do Dia (1980)
- Menina a Caminho
- O Formigueiro
- O Amor em Visita
- Corpo a Corpo
- Sobre as Dificuldades do Amor
- Agosto 1964
- A Palavra
- Nascer do Sol
- Muitas Vozes (1999)
- Contra o Poema Fácil
- O Cego
- Ofício de Viver
- O Morto
- Presente
- Meu Corpo, Minha Sombra
- O Coração dos Outros
- Camarada
- O Bicho Urbano
- A Vida se Faz em Qualquer Parte
- A Máquina do Mundo Repensada
- Nascer do Poema
- Relembrando a Força da Palavra
1. Poema Sujo (1975)
“O rio Anil corre / dentro de minha memória.”
Um dos versos mais famosos do poema escrito no exílio. A infância em São Luís aparece como imagem universal da saudade e da memória.
2. Traduzir-se
“Traduzir-se / é também se trair.”
Reflete a contradição entre a essência interior e as formas limitadas de expressão.
3. Não Há Vagas
“Não há vagas / o coração da cidade está cheio.”
Crítica à exclusão social. A falta de espaço se torna metáfora da indiferença humana.
4. Pátria Minha
“A pátria não é bandeira / nem hino, é carne e pão.”
Para Gullar, a pátria é o povo e sua vida concreta, não apenas símbolos oficiais.
5. A Luta Corporal (1954)
“A vida bate em minha porta / e eu respondo com meu corpo.”
Do livro de estreia, mostrando a poesia encarnada e visceral.
6. Recomeçar
“Não vou me deixar morrer / vou viver cada queda.”
Um hino de resiliência, reforçando a força da esperança.
7. Lixo
“O lixo me fascina / porque nele encontro o homem.”
Transforma o banal e descartado em matéria poética, revelando a humanidade nos restos da vida.
8. Na Vertigem do Dia (1980)
“Um homem se dissolve em sua vida / como o sal na água do mar.”
Sintetiza a efemeridade da existência, num tom de filosofia poética.
9. Menina a Caminho
“Na menina que passa / caminha o futuro.”
Delicada visão sobre a infância como promessa de renovação.
10. O Formigueiro
“O formigueiro é a cidade / multiplicada em silêncio.”
Metáfora poderosa da desumanização urbana e da vida coletiva.
11. O Amor em Visita
“O amor é um segredo / aberto em cada gesto.”
O cotidiano se torna expressão do amor.
12. Corpo a Corpo
“O corpo é a casa / onde mora o desejo.”
Exploração erótica e filosófica do corpo.
13. Sobre as Dificuldades do Amor
“O amor é feito de quedas / e ainda assim resiste.”
Mostra a contradição dos afetos e a persistência do sentimento.
14. Agosto 1964
“Agosto de 64 / o país se fechava em grades.”
Denúncia política do golpe militar e suas consequências.
15. A Palavra
“A palavra é faca / que corta em dois o silêncio.”
A força da linguagem que pode ferir, revelar ou transformar.
16. Nascer do Sol
“O sol nasce de novo / sobre o país cansado.”
Crítica social mesclada a esperança coletiva.
17. Muitas Vozes (1999)
“Nasci para ser o outro / e não apenas eu mesmo.”
Expressa a vocação do poeta de falar pelo coletivo.
18. Contra o Poema Fácil
“Contra o poema fácil / escrevo a vida difícil.”
Manifesto literário, rejeitando a superficialidade.
19. O Cego
“O cego vê o mundo / de dentro para fora.”
Questiona as formas de percepção.
20. Ofício de Viver
“Escrevo porque respiro / e porque o tempo me nega.”
Escrever é sobrevivência e resistência.
21. O Morto
“O morto se levanta / dentro da vida dos vivos.”
Reflexão sobre a presença da morte na vida.
22. Presente
“O presente é o instante / onde tudo acontece.”
Convite a viver intensamente o agora.
23. Meu Corpo, Minha Sombra
“Meu corpo é também / a sombra que me acompanha.”
Explora identidade física e espiritual.
24. O Coração dos Outros
“Levo comigo / o coração dos outros.”
Expressa solidariedade humana.
25. Camarada
“Camarada é quem luta / ao meu lado, de mãos dadas.”
Poema de engajamento político e união.
26. O Bicho Urbano
“Na cidade, o homem / é bicho entre os bichos.”
Crítica à desumanização urbana.
27. A Vida se Faz em Qualquer Parte
“A vida se faz em qualquer parte / até mesmo no desterro.”
Afirmação de vitalidade diante das adversidades.
28. A Máquina do Mundo Repensada
“Repenso a máquina do mundo / e nela encontro a fome.”
Diálogo crítico com Drummond, trazendo perspectiva social.
29. Nascer do Poema
“Do corpo nasce o poema / e dele retorna ao corpo.”
Poesia e vida são inseparáveis.
30. Relembrando a Força da Palavra
“A vida e a poesia se confundem / e tudo é palavra.”
Resumo da essência da obra de Gullar.
Conclusão
Ferreira Gullar construiu uma poesia onde vida e palavra se encontram. Seus versos transitam entre o íntimo e o social, entre dor e esperança, com linguagem direta e visceral. Ler o poeta é reencontrar o Brasil e a força transformadora da palavra.
