“VEIO E VERTE NAS RIMAS DAS NASCENTES” – Poema do livro ‘OLHO D’ÁGUA’ da poeta Eulália Radtke

VEIO E VERTE NA RIMA DAS NASCENTES
Imagem poética de VEIO E VERTE NA RIMA DAS NASCENTES

VEIO E VERTE
NA
RIMA DAS NASCENTES

NUM BURAQUINHO DA TERRA
OU NUMA ROCHA FENDIDA
TUDO PODE COMEÇAR
1
Ali areia e brilha 
silêncio na terra é fundo 
ou verte num racho de rocha 
pulsando águas no mundo
É um som devagarinho 
para ouvidos bem quietos 
uma gota caladinha 
só se ouve bem de perto
Verte e vai veio e luz 
já é musgo limo verde 
risca trilha sinuosa 
q'homem nenhum produz
2
Descem folhas distraídas 
num comecinho de rio 
na garupa vão as formigas 
também aranhas sem fio
Pedras lisas vão ficando 
o barro sendo lavado areias
se amontoando 
no leito agora cavado
Veio aberto é longo e largo 
foi arroio também ribeiro 
vertente vertedouro 
filão e vertedura
bebedouro de passarinhos 
e desova de muitos sargos
3
E se afunda e escurece 
ali no abrigo dos ventos 
as sombras se enchem 
de asas quando plaina e corre lento
Outros vertem ao seu encontro 
em veios de alimento
juntam águas num mesmo 
rumo feito frutos em maduramento
Agora é canto é cachoeira 
fala sem tempo vaga-lumes 
deita grande num esporão de rocha 
é tororoma na clareira
4
A direção é fio de prumo 
bica pedras levanta espumas 
é queda e brilha inteiro
estende o canto e se avoluma
E se alarga e remansa 
na planície se volteia 
calmo e temeroso 
lembrando cobra q'se enleia
O que foi veio e verteu 
agora é rio e tem maré 
maré de lua e peixes grandes 
ninfas belas e mistérios 
entre lendas apareceu
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Autor

  • Eulália Maria Radtke

    Eulália Maria Radtke nasceu em Gaspar/SC, em 6 de maio de 1949. E filha de mãe gasparense, Ananias Lemos Radtke, e pai blumenauense, Arthur Radtke. Neta de Maria Brigida da Rocha e Patricio Lemos, e avós paternos, Eulália Maria Terra Scheneider Radtke e Leopoldo Radtke. Com 2 anos de idade a família mudou-se para Blumenau, indo residir no Bairro da Escola Agrícola (Rua Mato Grosso), depois na Ponte do Salto (Rua Estrela) e de volta à Escola Agricola (oficialmente Bairro Dom Orione/Asilo), na rua que mais tarde, nos anos sessenta passou a se chamar Rua Gonçalves Dias. Os primeiros anos estudou na Escola Municipal, Lúcio Esteves, também no Grupo Escolar Municipal Machado de Assis (na Itoupava Seca). Aos 14 anos já tinha Carteira Profissional assinada pela "poderosa" Teka, enquanto estudava mecanofrafia com o Professor Schloegel (pai do escritor Bráulio Maria Schloegel). Criada e formada sob os ritos e os zclos da família da terra de Doutor Blumenau e sob todas as luzes da sedutora magia do grande Vale banhado pelos recônditos mistérios do histórico Rio Itajaí-Açú. Enquanto estudava e fiava amealhava entre tantas humanas emoções, algodão, fios de tecer o pano, esperanças, cores e solidões, fiou as tessituras da poesia para cantar quando tudo parecia quieto e o coração disparava sob os ecos dos sonhos. Depois vieram Galeria Açu-Açu, Elke Hering e Lindolf Bell, arte, jornalismo, escritores, teatro, Furb, cadernos de literatura aos domingos no JSC, tertúlias e projetos tantos.

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