Estio
Abre-se em pétalas
o dia, a corola rósea
olhos de turmalina
A morte sempre à espreita
Como tigre que ronda
pelos pátios ermos.
Suor escorre-me em gotas:
Mãos, testa, seios
Nas frestas alguma luz?
Tempo verte sangue
em sinuosas entranhas
A pele reflete brilho
ceráceo, sem cor
no labirinto dos vincos.
Um dia a mais (ou a menos?)
Cérebro, sinus, precórdio
interligados pela dor
No trajeto dos nervos
vasos comunicantes
dizem sobre o sal
das coisas,
sobre a cal
das coisas
Nos porões dos acúmulos
guardam se histórias de chumbo
Nuvens pesadas, plúmbeas
despejam suas águas mornas.
Folhas secas argentafins
caem mansas, mansas
conformadas
sobre a grama úmida
do geronto-jardim.
Silenciosas e opacas
Silenciosas e rasgadas
Folhas sem serventia
que ainda desejam
⁜•⁜
Márcia Tigani
✨ Este poema faz parte da coleção do Ver-O-Poema.
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Maravilhosa!