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“Os inifinitos são consternáveis” na poesia do poeta paraense Benny Franklin

[ COM O PASSAMENTO DO CREPÚSCULO ]
I

Crepúsculo vagante, denso
e híbrido, como o ofertório do universo
singrando o burlesco poente
na direção
dos
infinitos consternáveis.
Esse fenômeno no vazio
é-me sumamente conhecido como o sótão
em que as dúvidas etéreas se manifestam,
transmudam anseios em carnes vivas
porque suas lágrimas profanas
sempre encontram o avesso,
mas
não
se alteram.

II

Há muito eu já não sou o que era:
perdi o fio da meada. Contudo,
escolhi ser o que me tornei:
gosma
de salamandra.
Sob as cirandas ao luar as fornalhas balbuciam.
E as centelhas esguias assomam,
lúdicas e cortáveis, como as crenças retorcidas
atingindo as veias humanas 
na imensidão
da
manta escura.

III

Cá estou eu com os olhos desfolhando um segredo,
varrendo o sol obscurecido 
das altas árvores,
ocultando as expiações, 
abrindo pela esperança
o oceânico caminho
de uma
poça
de
luz ressentida.
Estou agora escravo da fuga.
É certo que eu não mudarei
de inverno com o passamento
do
silêncio.
✷⟁✺
[ SOB O PULSAR MÍTICO DO MEDO ]
Os meus abutres são álamos pusilânimes, dádivas de rostos triangulares que iluminam 
a contusão 
dos 
meus reflexos —
ainda assim, de alguma forma,
são constâncias de obtusas carnivoridades, entorpecidas 
como lâminas pulsantes
sob 
grelos de lágrimas.

Não importa. Fim de observar
o pulsar mítico do medo. Início
de fomentar as rosáceas 
para confundir
a arrogância.
das
agonias mutáveis.
Nenhuma fênix da vergonha
sabia mais sobre o fogo movediço do tempo até virar pó e dançar lentamente, nua, como as larvas 
de libélulas escarlates
que tendem a flutuar 
por cercas vivas
com suas genitálias cruas
em
cortiços sem vigilância.

E por aí tantos redemoinhos apáticos a esmo;
mas os olhos diluídos 
de um silêncio bruxuleante
— avatares gélidos ante a armadilha da luz lírica —,
não mudam
tão
rapidamente.
Não importa. Fim de bajular
o inferno grávido do medo. Inicio de bombardear sangue vivo 
sobre os altares imberbes.
Cada manto de crepúsculo,
um frio cego de cópulas brotando.
Como eu, ninguém renunciará a pegar a saída de incêndio, 
embora ela não possa 
ser encerrada 
com as miragens vidradas
que desaparecem
no
escuro dos sentimentos.
⚯⚭⚯
[ A SOMBRA E O SILÊNCIO ]
A Edyr Augusto Proença

Não tenho
sombra.
Sou:
um pensativo silêncio
que olha
para
o mundo
a
partir
do
seu
silêncio;
o arqueiro certeiro
que não
esconde
arco
&
flecha
de
outros arqueiros;
um poeta-mundo
que se mantém avesso
ao
pó
(de
orgulho)
sem
destino;
uma lágrima desbarrancada
que
salta
como uma
asa
na transparência
do
voo;
a ávida resistência
que, em vez de expelir lava,
jorra agoridade
furor,
ânime
&
uísque;
a métrica incorreta
que não sendo
necessária
dá
a
sensação
de
ser
antro
de
perdição
que
antegoza
diante
do
espelho.
Benny Franklin
☌☍☌
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Foto do autor

Benny Franklin é escritor paraense, autor de "Antipoemas Sujos – ou Expiações do Caos", e está envolvido na literatura amazônica, conforme indica sua participação em eventos como a Folia Literária do Amapá. Ele também é conhecido por sua atividade em redes sociais, como no Instagram, e facebook, por estar associado a movimentos literários como o 100TPC, o WPM e a APLI.

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Marcelino Roque Munine

Belíssima poesia e interessante! Partilhado com sucesso!

JASON FRANKLIN

Grande poeta, poesias infinitas e belíssimas, a alma agradece e comemora.

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