PRESENÇA
é do íntimo
transcendendo o mundo e o ser
que vem a clareira
– lar, lareira e portais...
por tais caminhos
[regando sementes do tempo
passeia o dom]
pressente-se a presença...
há a vigência essencial
translúcida
fonte natural
revelando o que fica:
a rubrica da verdade original
o que é preciso ser:
aí é!
VERTENTES
num ventre
vertendo vértebras
aveludadas de surpresas
há um corpo-caminho
de entes em movimentos
e de liberdades reinventadas...
silêncios vertem olhares e passos
que mesmo tecendo linhas transversas
aninham-se ao mesmo sol
ao mesmo sal...
ao cio das palavras...
no êxtase desta luz que une destinos
renovam-se a fonte e a sede
[e assim
intuições inadiáveis
desentranham-se eriçando as nuanças
pulsantes da linguagem]
nas retinas dos versos há seiva e suor
sempre assim:
arde um eco carmim
em vivas ausências e senhas de partidas
[idas e chegadas ávidas de voos
em rumo da sala de estar da alma].
INSPIRACIONES EN BUENOS AIRES
Nesta madrugada de Buenos Aires
quando os últimos tangos vão-se acalentando
e os primeiros raios vêm ao meu rosto
os meus olhos não dormem...
E minhas retinas
percorrem a ânsia translúcida de caminhos
na companhia da brisa
que me confidencia segredos de Gardel...
Mas minh’alma insone
[ inebriada de luzes ]
procura mais que a transcendência:
– busca a ponte inefável
dos versos e vozes
que me abrigaram
aqui
em novos portos...
assim cada reflexo vivo nas águas,
nos ares...
de Buenos Aires
são em mim
pulsantes metáforas de María Sueldo,
de Alba Murúa, de Elizabeth Molver,
de Daniel Quintero...
e palavras aladas
de Martín Biaggini, de Facundo Giuliano
e de outros companheiros fiéis...
E nesta madrugada de Buenos Aires,
na rota de dádivas ressurgentes,
renasce em mim
o incansável caminho-abraço
que transluz o renovo
da melodia do espírito
e do útero da criação!...
® Rubenio Marcelo
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*Argentina/Buenos Aires, madrugada de 23.10.2022.
(após participar como convidado do II Festival
Internacional de Poesia Parque Chas).
— Publicação Ver-O-Poema
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A poética desse fértil poeta, não tem asas fechadas: é ave sem pouso! Um enorme poeta.
Conhecendo a poética se Rubenio Marcelo neste instante e me vem esse sopro, essa brisa de Cruz e Sousa n’alma ou algo assim….🩵 Parabéns!
Ana, ele é muito bom.