Um poema de letrinhas
poema preto e alvo
tonto de vinho tinto
rubro de amor
meio termo total
amadurecido pelo tempo
de dia é breu
noite vira luz
de clarear imensidão
tudo é poema
dentro deste poema
poesia de cantar
no fazer vida melhor
no dizer da boca
pra fora adentro
poema real
para língua incrédula
língua afiada
boa da palavra cabeça
poesia alva
que o tempo poliu
com seu esmeril escarlate
fogo esmalte nos olhos
poema preto
da pele preta
com dizeres raros
no ciclo das lutas
na resistência
do verbo que luta
palavra por palavra lançada
em raio-de-distância
esquece o poema bom
a rima rica que apraz
cânone que esfrega
e goza na cara
aqui é porrada dura
parada limpa de viés
que fala sexo com nexo
ao deixar escorrer no corpo
a solidez da vida
este poema é farra
cachaça pura e boa
de enaltecer a embriaguez
em versos sóbrios
quando gim e feijão
sopa de letrinhas e vodka
mesmo que fosse água
mesmo que fosse pão
Renato Gusmão
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