São curtas as grandes TRAVESSIAS
Lau Siqueira
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TRAVESSIA Quando soltei os camelos, já não havia deserto. Nenhuma manhã nascendo. Nenhuma Lua por perto.
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PARADIGMA a vida é um eterno ir-se embora costura de instantes diluídos na eternidade tempo de retornos irreparáveis e encontros irreconciliáveis
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RAZÃO NENHUMA o que escrevo é apenas parte do que sinto a outra parte finjo que minto e acredito
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CONDIÇÃO PERENE
nas cheias
o rio comanda o espetáculo
e as margens são apenas
degraus para o leito mais fundo
nas secas
o rio é a margem
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LETAL aqueles seios bélicos apontando seus bicos pequenas torres do desejo derretendo em minha boca
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RESISTÊNCIA o que me sustenta sobre a carne e o osso é não ter aprendido a desistir viver é voar até sumir
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TAPERA O tempo é uma casa desabitada e esquecida no meio da estrada. Quem passou por ela viu apenas uma casa, na verdade não viu nada
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DISTOPIA não me iludo há um escuro permanente e uma sombra iluminando tudo
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PORNOGRAFIA BRASILEIRA Madrugada três meninos ajeitam seus lençóis de sacos e jornais no mercado público de mangabeira chove
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POR QUE ESCREVO POEMAS CURTOS (eu ando em busca do silêncio)
Lau Siqueira @lausiqueiraa (Instagram) lausiqueira@gmail.com
- ‘A tentação da sociedade’ entre podres poderes – A crônica de Helder Bentes
- ‘Acessório, frango em sílabas’ – Um conto de Octaviano Joba
- ‘Alô, Alô, Hedy Lamarr!’, por Flávio Viegas Amoreira
- ‘Antes de você’ há o poema de Rosemeire dos Santos Silva
- ‘Cala, ouve o mundo’ – Poemas de Antônio Moura
- ‘CARPE DIEM – ou: meu tributo Beatnick’ em novos poemas Rubenio Marcelo






Que dizer? Sou fã…
Muito bom.