O Arco-Íris de Palavras em uma Noite Branca: Poemas de Marilda Martins
meu arco-íris
Depois de tanta ausência te encontro nas linhas da mais bela invenção Há sempre uma página nua à tua espera na inócua tela d’onde escreves Vejo sonhos em branco e preto mistério e segredo pano e linha pra costurar fantasia daquilo que não foi permitido viver Caço palavras elas vagueiam feito fiapos ao vento, caem sobre meus ombros e pesam como filetes de chumbo em brasa Quisera que ardesse a minha’lma em cinzas Quisera que a despertasses da morte pra contemplar o colorido do teu arco-íris
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imaginação
Quem sabe fosse algo previamente imaginado, não escrito, como aquela música ouvida no celular . Uma noite inteira foi atravessada no pensar em apenas nos desejarmos, sem pensar . Quando já clareava o dia e o bem-querer de mim se declarou tão presente, vi que não era imaginação. Ah, como eu queria o que tanto queria! Que talvez uma noite apenas nem comportaria, e que, enfim, um rio no outro rio desaguaria, trazendo claridade à mais feliz escuridão.
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noite branca
Te encontrei no sono daquela noite branca meus olhos abertos pro teu torpor Lençóis cerraram o doce grito do que restou do bem querer que o sonho lindo não validou Ofereci o colo abraçaste a flor Só queria poder dizer bom dia, amor, acolher o canto espantar a dor e fazer carinho pro voo livre do beija-flor
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des (encanto)
Meu caminhar oscila entre o encanto do meu eu [esperança] e o desencanto do nós [que aperta] Encanto com o alento de ser ímpar desencanto com o desejo de ser par Deixo-te, nós, porque meu eu me chama.
**Marilda Martins**
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Que alegria compartilhar com vocês “Os versos que fiz pra mim”!