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“A MAIS BELA PROSTITUTA” – Um poema incandescente de Celso de Alencar

A mais bela prostituta

Do outro lado da rua,
quase em frente à
Igreja de São Leopoldo,
havia uma casa de prostituição e
nela a mulher mais bonita era a Lambretinha.
Assim era conhecida. Baixinha, cabelos loiros, nariz afinado,
coxas grossas, peitos salientes
que o decote permitia vê-los.
As moças tinham por hábito colocar cadeiras
na frente da casa, na varanda.
Ali sentavam-se
e aguardavam os visitantes.
Eu tinha nove anos e certo dia
estávamos no portão lateral da igreja,
quando um amigo, mais velho,
disse-me, grita, Lambretinha!!!
Gritei. Gritei forte.
Do outro lado da rua levantou-se
a Lambretinha, esbravejando:
vai para a puta que te pariu,
filho da puta.
Não mais a vi.
Era linda.
Agora caminho com passos largos
pelo vasto deserto buscando
um abrigo para proteger-me do calor.
Não há sinal de chuva.
Nem de ventania.

***

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Remisson

O poema é muito bom. E como não ser bom o que o Celso escreve? Mas Lambretinha… Interessante o apelido, ou o nome de guerra. Fico aqui imaginando a origem de certos nomes. Esse por exemplo… Será que ela tinha uma lambretinha, ou uma velha bicicleta motorizada pra ir de casa para o trabalho? (ou o trabalho dela era na própria casa?). Será que era algum certo barulho que ela soltava durante o expediente? Fico aqui pensando…

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