A poesia do artista Marcos Quinan





Porto Velho

Esturro silencioso
Esbanjando rebojos
Perfumando o ar
Vestindo a mulher ausente
Que na lembrança mora

Madeira desce madeira
Despe meu olhar
Fincando nos olhos
A imensidão
Ferindo o tempo
Da minha angústia
Limpando as terras caídas
Que tenho no coração

Segue, segue ...
Em harmonia, ramaria
Bracejando lentas
Entre estridor
E raízes gemendo
Incendidas de embriaguez
Dançando nos cantos das margens

Revejo o Madeira
Descendo madeira
Emoldurando em seus mistérios
A sensual mulher ausente
Bramindo curvas
No desenho do pensamento
Entre meu olhar e o rio

* * *

Primavera

O verde engolia o silêncio
E invejava o instante
Inventando mormaços

Havia entrecortes de solidão
Espalhando ermos e sinais

Ali o inesperado
Era esperado
Entre suores e restos de adolescência
Como encanto conspirado
Em formas e zelos

Dois seres
Recitavam seus
Sins e nãos
Jurando um jeito de nascer

Autor

  • Poeta, músico, artista plástico e de teatro, animador cultural e empresário das artes. Nascido em plagas goianas, não esconde o orgulho de ter escolhido a Amazônia como o chão propício para expandir sua inspiração que o fez aplaudido compositor, artista plástico e escritor.

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