Tenho flores nos olhos,
raízes de estrelas no ouvido,
nos lábios, um alaúde emudecido.
Enredei de ser um pequeno sol,
um balão carregado por gaivotas.
Dez príncipes costuram minhas asas,
tenho coroas de alazões nos anéis,
flertam meus sonhos luas de colheitas.
Um cadafalso empurra desertos doentes,
para onde dormem os abismos,
um trem mastiga minhas unhas,
tangerinas jejuam no lilás das alturas
– a cor das suas cascas lambuza o orvalho. –
As rebeldias caçam as almas dos medos,
nisso, pisei a profundeza de um lamento,
acendeu uma dor comprida – como o rio.
Essas pedras ancoradas no infinito,
são mágoas de flores nos meus olhos.
Edmir Carvalho Bezerra