“Antes de você” o Poema de Rosemeire dos Santos Silva
Antes de você
Antes de você, eu era a água que descia o percurso do rio sem desviar. Antes de você, o riso era preso, sem graça. Eu era apenas a mulher moldada por sutilezas e padronizada por imposições. Antes de você, faltava-me expressão na implacável dureza de ser a mulher fabricada pelos excessos descabidos e formalizados da sociedade. Tinha muito a falar, mas fui silenciada. Havia vontade de viver, mas não tinha permissão. Antes de você, circuncidaram meus desejos, proibiram-me o gozo. Depois de você: Veio o riso solto, o gozo, a fala e com ela a permissão para ser feliz. Te encontrei e, agora, também sou poesia.
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O Privilégio do Silêncio
No muito falar, prefiro o meu silêncio. Às vezes, o que se sente é, de fato, indizível. Por isso, peço licença às palavras para me calar. É um gesto necessário, para que o sentir possa ser o nosso Norte. Os olhares dizem tudo o que a boca não diz. Não diga nada, nada mesmo! Que o sentir seja, enfim, a razão da nossa existência. Se o poema quiser, ele falará nas entrelinhas, ou no silêncio sem pretensão, sendo esta a minha maior distração.
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Lua
Vadia é a lua que brilha, Ilumina os amantes até o dia. Inspira os poetas, Invade a janela do quarto, Espia, e espia, Reflete imensa no mar. Muda as fases Entre a terra e o sol, Se esconde, crescendo, Crescendo se mostra E aparece, diminui até O próximo ciclo. Vadia é a lua que brilha, Espia, espia.
Rosemeire dos Santos Silva
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