Poesia

Descrevi o silêncio que guardei nos teus olhos Pupilas de seda revirando a lua…
Meu pai sentenciou num dia de riso De largueza cínica que sou do contra: (vide todos estes versos) Tomo banho em águas de rios repassadas. Nas tardes sento em nuvens por aí,
“Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas…”
Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava bom-dia aos sapos…
O horizonte corta a vida isento de tudo, isento… Não há lágrima nem grito: apenas consentimento.
Perdi colegas, namoradas, cães. Perdi árvores, pássaros, perdi um rio e eu mesmo nele me banhando. Isto o que ganhei: essas perdas. Isto o que ficou: esse tesouro de ausências.
Naquela tarde chuvosa As árvores balançavam Sensualizadas ao vento. Seguiam seus movimentos
A noite na cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis; silenciosa, exceto pelo som do bombardeio; aterradora, exceto pela promessa lenitiva da oração; tenebrosa, exceto pela luz dos mártires.