é onde ficam marcados
os primeiros passos na areia
lembra da busca de conchinhas?
é como sexo sem amor
a busca é cheia de adrenalina
a descoberta pulsa satisfação
mas as conchas são vazias, ocas
e logo as descartamos na água
pois só a pérola enriquece
jogamos tudo na mesa branca
espalmamos cuidadosamente os grãos
e olhamos.
olhamos as certezas em busca de incertezas
até que achamos uma pedrinha.
Não devo repetir palavras fúteis.
Não devo repetir palavras fúteis?
Não, devo repetir palavras fúteis!
“Não devo repetir palavras”. Fúteis!
“Não devo repetir” – palavras fúteis.
seus olhos, sua franja
em fundo branco
feito esta poesia
eles, pretos e profundos
são vertigem de abismo
e quero cair
ela, preta e desenhada
parece pente-garfo
me alimenta
lembra fantasma que vi criança
cresceu e virou mulher
mas ainda assusta
me diz teu nome, teu telefone
não sai assim sorrindo
me realiza
Senti dor.
Sem ti, dor
sem tido
sentido.
o coração
porque a dor
que nele resta
é o que em mim
de ti resta
teu pregador de roupas
uso para fechar pacotes quase vazios
dobro tua saia de sarja ocre
é teu o assobio que ensaio
(de quando saiu sol no meu quintal)
não tomo remédio de tarja preta
nem ouço os blues de nossas tardes
mas neste céu de laranjas
penduro meu olhar para secar
sem dúvida
não há mistério
sem mistério
não há fé
sem fé
o que há
além de dúvida?
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