Trânsito em Belém: Reflexões e Indignação
Há alguns dias vinha trafegando pela Travessa Lomas Valentinas, trânsito caótico cada vez mais em nossa cidade. Uma parte dessa condição caótica vem das posturas dos humanos habitantes desta terra abençoada por Maria. Foi criada na travessa acima que mencionei, Lomas Valentinas, um espaço que serve de estacionamento. Em outras ruas de nossa Belém acontece o mesmo. A intenção talvez seja boa por razões que não sei.
Mas, aqui entra minha indignação: Por que o órgão gestor do trânsito em Belém, para além das multas, não cria uma estratégia para educar motoristas, ciclistas, motociclistas? Dirigir em nossa cidade virou o inferno dos infernos. Você vem com seu carro numa via e, de repente, vem um ciclista, um motoqueiro voado na contramão, pelo amor de Deusss… É loucura pura!
Querem mais? Você vem dirigindo, olhos atentos para não vacilar um tantinho de metro ou centímetro de asfalto, para não causar uma desgraça com os velozes motoqueiros que parecem entronizados na percepção da velocidade como desafio de vida que move a rotina. A educação no trânsito jamais pode ser uma proposta de ideia passageira, mas permanente.
O povo, os motoristas, ciclistas, motociclistas estão impregnados do mau hábito de infringir e criar suas próprias “regras”, a lei do faz o que quiser. Pelo Amor de Deusss! A falta de consciência de muitos aqui em nossa cidade é de levar à reflexão sobre como anda nossa humanidade. Será que está eternamente encravada no funcionamento egóico, tipo, deixa eu safar o meu lado, porque o meu tempo tem mais valor do que o do outro? Não tenho nenhuma dúvida, os exemplos estão aí, e eu por motivação de indignação chamo de “gentinha”.
A razão da palavra no diminutivo é que só mesmo sendo “gentinha”, para, já existindo um estacionamento numa via movimentada, um ser tenha a coragem, a ousadia, de também estacionar seu carro na via de fluxo e ligar o botão do “phoda-se” e ali ficar pacientemente estacionado. Tudo isso que aqui me acumula indignação, vem de pensar que “parece” não haver soluções.
Quantos já morreram ao atravessar o BRT? Pedestres em nossa cidade não são respeitados. Vejam na Avenida João Paulo II com a Enéas Pinheiro. O sinal fecha de um lado, mas do outro foda-se o pedestre para atravessar. É isso aí, praticamente ninguém para. Isso é uma vergonha e reforça o adjetivo “gentinha”.
E a “Vida” segue em meio às mortes. Ao barulho dos abusados com a carga de suas descargas enlouquecedoras. E o zigue-zague dos motociclistas é um circuito que, lamentavelmente, determina o tempo de suas vidas. Belém e seus carrões mostram que o poder, o capital, faz girar o trânsito, a Vida, a Morte, e a Lei do Faz o que quiser. Multas para muitos hão de chegar.
Ana MEIRELES – Cronista e Poeta Paraense
Conscientize-se! Respeite as regras de trânsito. A vida de todos está em jogo.

Uma linda crônica!