Espinosa para crianças
Não sei dizer onde termina o meu corpo e começa a água disse a água viva para a estrela do mar e eu não sei dizer como estou parada e em movimento disse a estrela do mar para o Coral nós somos a água disse a água para a Estrela cadente que havia caído no mar Quando eu era o céu negro antes de ser o céu azul antes de ser este céu transparente eu era você
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Veredito
As crianças não foram iluminadas o suficiente há um momento em que a possessão por si mesma impediu isso Estamos mais próximos dos cães que dos leões Os loucos são faróis acesos no fundo de abismos oceânicos As crianças podem nos ensinar como Anjos se fossem visíveis iriam nos aterrorizar por anos Crianças e loucos saem da mente inicial para a outra entre a água e o animal para que santos e santas encontrem um sentido para a noção de eu escoar falsamente pelo ralo da não-mente As crianças que um dia foram apenas vontade se comunicando diretamente com o ato e depois gestos desvinculados da vontade caindo através dos fatos que dizem sem palavras tudo o que existe depois da palavra você é você quem diria que no sorriso louco das crianças o animal e o anjo ainda desamparadamente humanos nos olhassem tão de frente de abismos tão rasos Este poema já acabou três vezes disse a infância para si mesma e permanece desde que você a veja.
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Meditação diante do mar
Dentro do tempo gelo enterrado na areia o pensamento da concha que sai da onda furiosa vê através da água esse corpo efêmeroefêmera para onde partem estes cavalos brancos na espuma como povos avançando
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Dora Ferreira da Silva pensa em Emily Dickinson
Melhor não esquecer a presença herbária que foi nela uma alegria rara. Assim saberemos que o riso da folha para o orvalho diluindo o medo jamais foi um segredo
Marcelo Ariel
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