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“Nuvens, revoadas e pássaros cantantes” na poesia de Sílvia Pereira

Silvia Pereira

A vida já foi nuvem

o sol dava as caras na senzala flutuante era ela, sempre ela com sua cor avelã mãe sem filhos parto após parto suor, sofrimento vida preta que se apaga chora antes que o outono vá embora depois que o inverno castiga num verão que não chega pois a vida já foi nuvem e ela, Clara, já velha, matou-se.


Como ler nua

leio nuvens tortas em revoadas pássaros cantantes redemoinhos mãos perdidas achados, a libido leio as cores do horizonte rajado de estrelas marejadas de lágrimas amarelas e eu, sigo nua leio a plebe terrosa sem o pão do dia faz o amor à noite para aplacar a falta que guia a estrada vastidão e eu, sigo nua leio nua e nua sigo a ler os caminhos perfídia, flagício dolor torpor da morte e eu, nua, leio a sorte de tê-lo consorte em meus braços nua


Galos mudos

Um povo em chamas canto travado: enforcados nos fios da rede sina que nunca finda. Mulheres caladas em destino aéreo viram falenas: nuvens de algodão borboletas-com-sorte. Luana, militante kumaruama, és a cura ponto-semente flor-de-lótus deusa Caúpe sucessão de luas.

— Sílvia Pereira


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