Paixão pela leitura!

O poeta paraense ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA

MARÉ DE PONTA

Se o meu poema não ranger os dentes
nem te mostrar as garras, de que vale?

De que vale um poema ensaboado
cheirando a talco e água de colônia?

Para que um poema não-me-toques
metido abesta, e nariz empinado?

Poema tem que ser faca de ponta
zagaia, porantim, ferrão de arraia!

Poema pitiú com escama e lodo
armado de esporões e girassóis.

 * * *

ARTE POÉTICA

Hoje,
amanheci meio peixe,
meio pássaro.

Estou aprendendo a nadar,
tomando aulas de vôo
e aprimorando o canto.

Amanhã,
pássaro pleno,
insofismável peixe,
debulharei meu canto sobre a terra
em nados abissais

e voos rasantes.

Autor

  • Antonio Juraci Siqueira nasceu em 28 de outubro de 1948 em Cajary, município de Afuá no Pará, onde, ainda menino, descobriu a literatura através dos folhetos de cordel. Aos 16 anos mudou-se para Macapá (AP) onde casou-se, prestou serviço militar e concluiu os estudos de segundo grau. Em 1976 mudou-se para Belém graduando-se em Filosofia em 1983 pela UFPa. Pertence a várias entidades lítero-culturais, entre estas a União Brasileira de Trovadores, a Malta de Poetas Folhas & Ervas, a Academia Brasileira de Trova e o Centro Paraense de Estudos do Folclore. Atua como oficineiro, performista, contador de histórias e publicou mais de 60 títulos individuais entre folhetos de cordel, livros de poesias, contos, crônicas, histórias humorísticas e versos picantes. Colabora com jornais, revistas e boletins culturais de Belém e de outras localidades e conta com mais de 200 premiações em concursos literários em vários gêneros, em âmbito nacional e local.

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