Leituras: 579

INVENTA-ME!
inventa- me
para que eu compreenda
como pacificar um oceano bravio
e o combata só com a fúria
das palavras
para que acalme os peixes no aquário
que esbarram no vidro
e colorem a sala com essa cor
de desespero
inventa- me
para que saiba o nome
das coisas invisíveis
E finalmente consiga habitar
no sossego crepuscular do tempo.
BORBOLETAS
Pequenas janelas são borboletas
que flertam com a vida, sem ambição
São asas lúdicas, fingindo horizontes
são mínimos segredos
que o mundo
Não adivinha a razão
Pequenos rios são fontes sinuosas
de lágrimas doces e olhos cansados
São eternas nascentes, constantes atalhos
são o mar adiado, margens vivas, jardins molhados
Rios não sabem que são o tempo em movimento
promessas de vida , esperanças virtuosas
Completando cenários.

SILÊNCIO Descrevi o silêncio que guardei nos teus olhos Pupilas de seda revirando a lua… CRISTAIS Rosas de ravina na memória O signo da lágrima no sopro da noite Aspersão de raios nas asas estriadas Sons silvestres a espalhar ramagens um sismo pulsante gerando a palavra Como cristais de chuva abençoando os versos. PALAVRA Antes que chegue tarde preciso ser inventada Palavra por palavra para que possa vencer A luta que travo Comigo… PEDRAS PRECIOSAS Minha voz perfuma pedras preciosas Entorpecida pelo aroma suave das laranjeiras Vejo um rosto ancorado numa das Sombras da varanda Respiro em transe - dolência - fascínio - reverência No retábulo do infinito Somos peixes voadores Compondo vigílias aquáticas Enquanto desenho o oceano Ainda vejo um rosto Na caligrafia dos ventos. ESPERANÇA ** Quando a esperança dormir Deixe a luz do corpo acesa Para que o dia desenhe as estrelas noturnas Em todos os dedos da madrugada Para que os oceanos encontrem As brumas cansadas do poema As mãos do infinito não contam os dias Contornam o universo com seu halo dourado E esperam. ***
Autor
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Elke Lubitz é catarinense radicada em Jacareí (SP) há 40 anos. Graduada em Pedagogia e pós graduada em orientação educacional e pedagógica. Escreve desde a pré adolescência, desde cedo teve um olhar além do que é visível aos olhos. Escreveu em dezenas de antologias poéticas, é autora de dois livros solos. “Escrever é uma outra maneira de respirar”.
Uma resposta
Lisonjeada por estar por aqui, amigo!
Muito obrigada.