Leituras: 239

INVENTA-ME!
inventa- me
para que eu compreenda
como pacificar um oceano bravio
e o combata só com a fúria
das palavras
para que acalme os peixes no aquário
que esbarram no vidro
e colorem a sala com essa cor
de desespero
inventa- me
para que saiba o nome
das coisas invisíveis
E finalmente consiga habitar
no sossego crepuscular do tempo.
BORBOLETAS
Pequenas janelas são borboletas
que flertam com a vida, sem ambição
São asas lúdicas, fingindo horizontes
são mínimos segredos
que o mundo
Não adivinha a razão
Pequenos rios são fontes sinuosas
de lágrimas doces e olhos cansados
São eternas nascentes, constantes atalhos
são o mar adiado, margens vivas, jardins molhados
Rios não sabem que são o tempo em movimento
promessas de vida , esperanças virtuosas
Completando cenários.

SILÊNCIO
Descrevi o silêncio
que guardei nos teus olhos
Pupilas de seda
revirando a lua…
CRISTAIS
Rosas de ravina na memória
O signo da lágrima
no sopro da noite
Aspersão de raios
nas asas estriadas
Sons silvestres a espalhar ramagens
um sismo pulsante gerando a palavra
Como cristais de chuva
abençoando os versos.
PALAVRA
Antes que chegue tarde
preciso ser inventada
Palavra por palavra
para que possa vencer
A luta que travo
Comigo…
PEDRAS PRECIOSAS
Minha voz perfuma pedras preciosas
Entorpecida pelo aroma suave das laranjeiras
Vejo um rosto ancorado numa das
Sombras da varanda
Respiro em transe
- dolência
- fascínio
- reverência
No retábulo do infinito
Somos peixes voadores
Compondo vigílias aquáticas
Enquanto desenho o oceano
Ainda vejo um rosto
Na caligrafia dos ventos.
ESPERANÇA
**
Quando a esperança dormir
Deixe a luz do corpo acesa
Para que o dia desenhe as estrelas noturnas
Em todos os dedos da madrugada
Para que os oceanos encontrem
As brumas cansadas do poema
As mãos do infinito não contam os dias
Contornam o universo com seu halo dourado
E esperam.
***
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Autor
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Elke Lubitz é catarinense radicada em Jacareí (SP) há 40 anos. Graduada em Pedagogia e pós graduada em orientação educacional e pedagógica. Escreve desde a pré adolescência, desde cedo teve um olhar além do que é visível aos olhos. Escreveu em dezenas de antologias poéticas, é autora de dois livros solos. “Escrever é uma outra maneira de respirar”.
Uma resposta
Lisonjeada por estar por aqui, amigo!
Muito obrigada.