Poemas de Rudá Ventura


Alvorada

Espera um sol esta chuva…

A noite é curta em único abraço,

E o fado espreita nosso arbítrio.

Deixa eu te contar meu silêncio

E deixa eu me calar em teus lábios…

Cada beijo é um abrigo.

Deixa eu dormir em teu sonho

E ao fechar meus olhos

Mostra-me a luz.

*

Distopia

Por tanto calarem-se à dor de outras vozes,

Por tanto desdém aos verbos atrozes

Muitas terras conquistou o silêncio.

Quando, enfim, o pranto sentiram

E em desespero, por amparo, gritaram

Já não era possível escutarem a si mesmos.

*

Insensatez

Um povo que ignora seu passado

E nutre pela fala mais anseio

Do que por conhecimento

Certamente chamará de resplendor

Suas memórias mais sombrias.

*

Vastidão

Visitei as copas das árvores

E, vizinho dos pássaros,

Enxerguei-me pequeno no chão.

Creio que olhamos o céu

Para nos elevar à sua altura…

Do alto

O campo é mais vasto.

Autor

  • Rudá Ventura: poeta, músico e educador paulistano. Pós-graduado em Ciências Humanas pela PUCRS. Autor do livro Preamar (Laranja Original, 2017) e integrante da antologia Encontro de Utopias (Patuá, 2019), tem poemas publicados também em revistas literárias do Brasil, de Portugal e de Moçambique. Publicará, em breve, seu segundo livro de poesia.

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