Leve-me então
ao improvável,
à palavra muda,
ao estampido tácito,
ao ar ausente, leve-me
aos espasmos da noite,
aos anseios do sêmen,
aos delírios
leve-me ao vazio,
mas
– deixe-me!
uma fresta, um lampejo de luz,
algumas letras soltas,
um verbo apenas,
então,
– gênese –
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( “Sob Silêncio” Ed. Patuá 2015 )
§§
nas
bordas
dos céus
de minha
cidade,
a aurora
estampa
as cores
do mundo
o coração
versa e
canta
o
tempo
vaga
nasce
o dia
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(“Reverso dos dias” Ed. Patuá, 2017)
§§
re
cons
truir
no istmo
corpo –
coração
rente
ao súbito
movimento
em que
ancora
ilhas
mares
rios
o
ínfimo
(uni) verso
póstumo
da palavra
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(“O Eixo Ausente” Ed. Patuá, 2025)
§§
cingir
osso íris senda
lamber
a fímbria
o hímen
nas retinas
rever
ilhas mitos lendas
pinçar
os ventos
o risco
o
eixo ausente
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(“O Eixo Ausente” Ed. Patuá, 2025 )
***
Autor
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Vasco Cavalcante nasceu em Belém do Pará. Foi um dos fundadores do grupo de poesia alternativa Fundo de Gaveta (1981 a 1983). Teve poemas publicados em diversas revistas literárias, entre elas Zunái, Mallarmargens, Escamandro, Caliban, Poesia Avulsa, Polichinello, etc. Participou em 2012 da plaquete “Desvio para o vermelho: treze poetas brasileiros contemporâneos”, do Centro Cultural de São Paulo (CCSP). Publicou os livros: “Sob Silêncio” (Patuá, 2015); “Reverso dos dias” (Patuá, 2017); “Labirintos da Palavra” (AMO! Editora, 2023); “O Eixo Ausente” (Editora Patuá, 2025).
Belos poemas!!!
Amei os poemas