VEIO E VERTE
NA
RIMA DAS NASCENTES
NUM BURAQUINHO DA TERRA OU NUMA ROCHA FENDIDA TUDO PODE COMEÇAR
1
Ali areia e brilha silêncio na terra é fundo ou verte num racho de rocha pulsando águas no mundo
É um som devagarinho para ouvidos bem quietos uma gota caladinha só se ouve bem de perto
Verte e vai veio e luz já é musgo limo verde risca trilha sinuosa q'homem nenhum produz
2
Descem folhas distraídas num comecinho de rio na garupa vão as formigas também aranhas sem fio
Pedras lisas vão ficando
o barro sendo lavado areias
se amontoando
no leito agora cavado
Veio aberto é longo e largo foi arroio também ribeiro vertente vertedouro filão e vertedura bebedouro de passarinhos e desova de muitos sargos
3
E se afunda e escurece ali no abrigo dos ventos as sombras se enchem de asas quando plaina e corre lento
Outros vertem ao seu encontro
em veios de alimento
juntam águas num mesmo
rumo feito frutos em maduramento
Agora é canto é cachoeira
fala sem tempo vaga-lumes
deita grande num esporão de rocha
é tororoma na clareira
4
A direção é fio de prumo bica pedras levanta espumas é queda e brilha inteiro estende o canto e se avoluma
E se alarga e remansa na planície se volteia calmo e temeroso lembrando cobra q'se enleia
O que foi veio e verteu agora é rio e tem maré maré de lua e peixes grandes ninfas belas e mistérios entre lendas apareceu
☙
Gostou do poema? Compartilhe com alguém
