Manoel de Barros, o “ensinador de ignorâncias”

Manoel de Barros é um “ensinador de ignorâncias.” Esse ensinador que sonhava, lá “onde as cigarras se alfabetizam de silêncios”.

Para Mia Couto, Manoel de Barros é um “ensinador de ignorâncias.” Esse ensinador que sonhava, lá “onde as cigarras se alfabetizam de silêncios”. O poeta se encantava ao descobrir “como é difícil fotografar o silêncio.” Mas, o fotografou em versos. Abaixo uma pequena amostra da grandeza de suas fotografias de poeta das insignificâncias. São verdadeiros convites ao deslumbramento.

1. “O que eu faço é insubstancial como o orvalho.” (Poemas concebidos sem pecado, 1937).

2. “A poesia é a liberdade das palavras.” (Face imóvel, 1942).

3. “Na beira do rio invento margens.” (Poesias, 1956).

4. “As coisas têm que ser desimportantes para se tornarem poéticas.” (Compêndio para uso dos pássaros, 1961).

5. “Os insetos me instruem na cor.” (Gramática expositiva do chão, 1966).

6. “A maior riqueza do homem é a sua incompletude.” (Matéria de poesia, 1974).

7. “As coisas que não têm nome são mais pronunciadas por crianças.” (Arranjos para assobio, 1982).

8. “Tudo que não invento é falso.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

9. “Ando muito completo de vazios.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

10. “Tem mais presença em mim o que me falta.” (Livro de Pré-Coisas, 1985). Esta linha reflete a essência dos versos de Manoel de Barros.

11. “Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

12. “Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

13. “Não saio de dentro de mim nem pra pescar.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

14. “Quem anda no trilho é trem de ferro. Eu sou água que corre entre pedras.” (Livro de Pré-Coisas, 1985).

15. “Um pingo de sol no couro de um lagarto é para mim mais importante que o sol inteiro no corpo do mar.” (O Guardador de Águas, 1989).

16. “Os pássaros me ensinaram a rir de manhã.” (O Guardador de Águas, 1989).

17. “Poesia é voar fora da asa.” (O Guardador de Águas, 1989).

18. “As coisas que não existem são mais bonitas.” (Matéria de poesia, 1974).

19. “Poesia é a ocupação da infância no homem.” (Gramática expositiva do chão, 1966).

20. “O rio que fazia uma volta atrás da nossa casa era a imagem de um vidro mole.” (Memórias inventadas: a infância, 2003).

21. “Ser criança é ter o chão como teto.” (Exercícios de ser criança, 1999).

22. “Desaprender oito horas por dia ensina os princípios.” (Livro das Ignorãças, 1993).

23. “Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.” (Livro das Ignorãças, 1993).

24. “Eu queria ser lido pelas pedras.” (Livro das Ignorãças, 1993).

25. “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis.” (Livro das Ignorãças, 1993).

26. “Tenho em mim um quintal maior que o mundo.” (Retrato do artista quando coisa, 1998).

27. “A infância é um chão onde a gente se deita.” (Exercícios de ser criança, 1999).

28. “As palavras me escondem sem cuidado.” (O Fazedor de Amanhecer, 2001).

29. “Poeminha para brincar: inventei um passarinho com o bico cheio de sol.” (Poeminha em língua de brincar, 2007).

30. “Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado.” (Ensaios fotográficos, 2000).

Veja mais de Manoel de Barros em “Só Dez por Cento é Mentira

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