A SÉRIE PSSICA
Desde o telefonema de Fernando Meirelles, em uma tarde preguiçosa, dizendo que gostaria de filmar meu livro “Pssica”, fiquei entusiasmado. O cara tem um Oscar na estante de sua casa.
Começaram as démarches sobre a compra dos direitos. Demorou. Houve aquele presidente, uma pandemia. Seria um filme. Depois, Elizabêta, da Netflix contou que não havia gostado do primeiro tratamento, roteiro feito pelo ótimo Bráulio Mantovani, autor, entre outros, de “Cidade de Deus”.
Alguns dias depois, ela decide reler e tem a impressão que daria uma boa série, com capítulos suficientes para dar conta de todas as peripécias no livro. Agora, Quico Meirelles também estava envolvido e mais dois roteiristas entraram na equipe, todos apaixonados pelo livro. Mas uma coisa é o livro, outra o cinema, a série. Disso já sabia.
Sou um escritor, mas gosto muito de cinema. Também sei que são gêneros diferentes. É como quando escrevo uma peça de teatro. Ali, no papel, é uma peça literária. Quando sobe ao palco, é um trabalho teatral, coletivo. Há mudanças de cenas, de palavras que atores preferem, que ficam melhor para dizer. Assim o roteiro. Personagens são somados em uma só cena, cenários e em benefício do trabalho para esse outro veículo, há novos personagens, substituindo os do livro.
O cinema quer contar a minha história, mas do seu jeito. Li e aprovei o roteiro. Estive no set admirando a parafernália, técnicos, máquinas e os Meirelles trabalhando. Conheci Domitila Cattete e aprovei a escolha. Foi muito bom ter vindo filmar aqui. Cenas da natureza posando para lentes profissionais. Técnicos e atores de fora, misturados aos locais. Veio um profissional de Madri, especializado nas cenas de rio em velozes jet-skis e canoas.
Nosso sotaque. Sim, alguns atores locais mereciam mais espaço, mas foi uma escolha entre a O2 e a Netflix. Um produto para 190 países. Nem sei nomear todos. Gostei muito do resultado. Houve alguns erros em nome de cidades, mas lembrem, não é um documentário e sim ficção.
Não pretendo discutir outras críticas por uma questão de ética. Gostei muito da performance do elenco. Agora, sempre disse que um livro faz sucesso e é transformado em filme. Você lê o livro e assiste ao filme. Na saída, o que é melhor? Provavelmente você dirá que gosta mais do livro. A razão está em que o livro a fez criar um filme absolutamente pessoal. Deu cara, corpo, voz aos personagens. O seu filme.
A série, apresenta na tela aquilo que o diretor desejou que você assistisse. Sua maneira de contar a história. Quanto a mim, desejo que leiam o livro. Faz dez anos de seu lançamento e a série multiplica brutalmente o alcance, também provocando a compra do livro.
Primeiro lugar no Brasil, sétimo nos Estados Unidos, quarto na França, onde deverá ser relançado pela Asphalte Editions. Fernando e Quico pretenderam e conseguiram acertar no ritmo das cenas, emulando a velocidade do livro. A presença da atriz colombiana foi um achado. Excelente, assim como Preá, Gigante, Amadeu e Domitila.
Tenho outros livros com direitos alugados para fechar e filmar. Recentemente os direitos de “Os Éguas”, foram renovados. Espero que usem mais técnicos e atores locais, mas só de mostrar para todo o mundo, 190 países, abre enorme espaço para nós que somos tão insulares e claro, para escritores locais de alta qualidade. Deles, estamos cheios, aguardando sua chance. Venham, venham todos. Estão atrasados, mas há para mostrar e assistir.
Edyr Augusto ago 25
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Após grande sucesso na França – onde teve três livros traduzidos -, o paraense Edyr Augusto lança um novo romance noir de tirar o fôlego. Em Pssica, que na gíria regional quer dizer ‘azar’, ‘maldição’, a narrativa se desdobra em torno do tráfico de mulheres. Uma adolescente é raptada no centro de Belém do Pará e vendida como escrava branca para casas de show e prostituição em Caiena. Um imigrante angolano vai parar em Curralinho, no Marajó, onde monta uma pequena mercearia, que é atacada por ratos d’água (ladrões que roubam mercadorias das embarcações, os piratas da Amazônia) e, em seguida, entra em uma busca frenética para vingar a esposa assassinada. Entre os assaltantes está um garoto que logo assumirá a chefia do grupo. Esses três personagens se encontram em Breves, outra cidade do Marajó, e depois voltam a estar próximos em Caiena, capital da Guiana Francesa, em uma vertiginosa jornada de sexo, roubo, garimpo, drogas e assassinatos.